Aviso:

<<< Alerta para Fraudes: Ninguém está autorizado a solicitar quaisquer tipos de pagamentos, serviços, depósitos, produtos ou benefícios em nosso nome, ou no nome do Projeto Missão sobre Rodas, salvo pelas vias quando forem indicadas neste Blog >>>

09/03/2012

Leonardo Boff

Encontro com Leonardo Boff - em busca de mapas

Paulo Bassani

Às vezes a vida nos propicia oportunidades únicas. No final de 2011, em Foz do Iguaçu, tive um encontro intelectual inesquecível com Leonardo Boff, um dos maiores pensadores sociais, filósofo, teólogo e ambientalista de nosso tempo.

O que me marcou não foi o fato de estar conversando com alguém que já publicou mais de 80 livros e é referência mundial, mas sim com o homem simples em sua complexidade, homem com alto espírito, com experiência, conhecimentos e, sobretudo, com a sabedoria encontrada em poucos personagens de nosso tempo. Suas palavras, energia, luz e inspiração tornaram aquele encontro inesquecível. 

Falei brevemente de minha formação, meus estudos e pesquisas rurais e ambientais, ele, sempre atento, também fez questão de relembrar o começo da Teologia da Libertação juntamente com Arthuro Paoli, Carlos Mesters, Frei Betto, Clodovis Boff, Orestes Stragliotto e outros protagonistas da igreja libertadora com quem tive o prazer de ter cursos no final dos anos de 1970. Cursos em que aprendi a entender e respeitar nosso povo latino-americano, sobretudo nossos camponeses, índios e trabalhadores urbanos, oprimidos pelo sistema capitalista e pelas ditaduras militares. 

Boff fez questão de relembrar o tempo e a forma como foi exonerado pela igreja e como recebeu a sentença do cardeal Ratzinger, atual papa Bento XVI. Sua lucidez, seu olhar sobre o planeta e nossa civilização são algo que chama atenção. Enfatiza que construímos uma civilização do medo, da destruição, do uso abusivo sobre os bens da Terra, dos biomas, da biodiversidade, da água e dos recursos minerais. Dizia Boff: “Precisamos apreender a cuidar do planeta como de nossa mãe”. 

Num dos mapas para trilhar a ética para a sustentabilidade, Boff aponta quatro eixos fundamentais: o cuidado, o respeito, a responsabilidade e a solidariedade. Destaca que o excessivo desgaste da industrialização que causou o constrangimento dos fracassos da tecnologia, também pode abrir um espaço diferenciado para a filosofia e as ciências sociais que renascem para pensar exercícios de liberdade e de felicidade. Para que se possa pensar uma produção e um consumo sustentável, necessitamos desenvolver, ensinar e apreender uma cultura sustentável, uma nova forma de produzir e de consumir, isso para termos uma sobrevida no planeta Terra. 

Suas palavras e seu olhar de esperança tomaram forma nos 40 minutos finais de diálogo. Boff acredita na humanidade, nos homens, que, apesar da demência tecnológica e cientificista que construiu este modelo cartesiano que quase tudo dilui e separa, contrapõem-se com capacidade criativa, sábia de perceber e rever as possibilidades de vida que se manifestam em todos os cantos e de diferentes formas.

Estamos vivendo a travessia de um paradigma consumista, predatório para uma vida sustentável, de equilíbrio entre os homens e deles com a natureza.

*Paulo Bassani é sociólogo ambiental e professor da UEL. - Materia publicada no Jornal de Londrina 08/03/2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores